O retorno do ensino de Filosofia
Há vinte anos luta-se pelo retorno da Filosofia como matéria obrigatória nos currículos do ensino fundamental e médio. Depois do Golpe Militar de 1964 ela passou a ser optativa, os alunos ficaram sem uma importante ferramenta para questionar as práticas governamentais vigentes. Talvez pela falta de uma formação problematizadora e argumentativa tem-se tanta dificuldade nas escolhas de nossas lideranças.
Um dos frutos da disciplina Filosofia é o pensar crítico. Não que as outras disciplinas não tenham este aspecto, porém a filosofia trata disso com mais afinco. E esse pensar crítico é a possibilidade da reflexão, do pensar diante das decisões a serem tomadas e a possibilidade de transformação.
Sem dúvida alguma, a Filosofia no ensino fundamental transformará os cidadãos de amanhã em pessoas mais críticas, mais problematizadoras, mais humanas e com mais coerência em suas argumentações.
Assim deixaremos de ser menos preocupados com as causas reais daquilo que nos assola: “a ignorância”. Falo da ignorância de não querer ver com bons olhos que uma disciplina que trabalha conceitos éticos e morais seja de grande importância para a vida acadêmica. O valor dos conteúdos de Filosofia na formação integral da pessoa humana tem sido ratificada pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases). No artigo 35 em seu inciso III prescreve, reforçando diretamente os conteúdos e indiretamente a disciplina de Filosofia, a necessidade do “aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico”.
A valorização da Filosofia na LDB é também reforçada no artigo 36, parágrafo 1º, inciso III quando decreta a necessidade do “domínio dos conhecimentos de filosofia e de sociologia necessários ao exercício da cidadania”. Nesse sentido, não resta dúvida de que a importância dada à Filosofia pela LDB se equipara a dada às demais disciplinas, o que parece ser um argumento favorável a sua inclusão em toda rede de ensino. Porém, nada ou quase nada é feito com o proposito sério de fazer com que a Filosofia volte às salas de aula.
João Macedo
Espírito de natal? Todos estamos dóceis, felizes. É o tal do espírito de natal, dizem, mas o que é este tal espírito? E porque ele só surge no “final” do ano? É mais uma da nossa sociedade que, ao invés de criar políticas públicas que possam sanar verdadeiramente os anseios de uma nação, cria o tal espírito de natal com sua “bondade” falseada. Mas afinal o que é essa bondade? Bondade é dar esmolas para uma criança na rua mesmo sabendo que terá um adulto por trás, ou melhor, é dar uma “contribuição” para um órgão que bem aplicará o seu mísero dinheiro? Esse é o mesmo órgão que aparece no Fantástico, da Rede Globo, como fraudador. Talvez essa seja mesmo a bondade do espírito de natal. |
Estou cansado de ver que temos educação que não queremos, saúde que não merecemos, mas, por outro lado, não sei o que de fato posso fazer. Denunciar? Para quem? Sou apenas um pobre estudante, ainda meus clamores não são ouvidos, mas as crianças crescem, os velhos sofrem, o tempo passa. Não posso ficar apenas lamentando e também não quero eufemismar a vida. Sei que diante de toda a contemporaneidade e de tudo a que esse nome remete é difícil pensar em uma sociedade onde a igualdade é plena, mas o que eu me proponho a fazer é pensar que nós, os humanos, somos capazes apenas de sermos e agirmos com mais carinho, amor, ou melhor, com humanidade e abandonarmos a soberba, o egoísmo e a animalidade. Isso eu sei, é possível, basta que sejamos honestos conosco. E ser honesto é ser realista, falar para o mundo que não existe “espírito de natal” - isso não é acabar com o lúdico - devemos, por outro lado, falar de ética, moral, amor, princípios eternos do plano material os quais não desaparecem como os enfeites das arvores de natal.
João Macedo